Conheça o Super Mario comunista, que evita moedas e luta contra o capital
Programador cria versão bolchevique para “Super Mario Bros. 3”, em que o famoso personagem da Nintendo precisa desviar de moedas e derrotar o Tio Sam
Super Mario, o mais famoso personagem dos videogames, não precisa mais lutar contra o maligno Bowser e resgatar a princesa Peach ao longo de sua jornada. Coletar moedas está totalmente fora de cogitação. Não, ao menos, em uma versão modificada de “Super Mario Bros. 3” chamada de “Communist Mario 3”, criada sem qualquer relação com a Nintendo e disponível apenas para emuladores da plataforma NES. Em sua versão comunista, Mario precisa desviar das moedas e derrotar o próprio Tio Sam.
A modificação foi criada por um programador que se identifica por “KP9000”, que disponibilizou o jogo gratuitamente (como só poderia ser, em se tratando de um bem comunista) em um fórum de jogos de NES e Super NES. “Communist Mario 3” é, basicamente, o mesmo “Super Mario Bros. 3” do Nintendinho, mas com modificações importantes. A maior delas é que coletar moedas, algo absolutamente natural para quem já jogou qualquer versão de Super Mario, é letal na versão modificada (a luta, afinal, é contra o acúmulo de capital).
A inversão na lógica com as moedas torna a experiência de jogar “Communist Mario 3” bastante diferente, mesmo para o proletário jogador familiarizado com o universo de Mario. As fases são significativamente mais difíceis, uma vez que cada fileira de moedas passa a ser um inimigo a ser evitado, e encontrar e usar itens como o cogumelo, a flor de fogo e a pena, comuns na versão original, passa a ser, com o perdão do trocadilho, uma roleta russa, já que qualquer bloco de interrogação pode esconder a morte iminente.
Mario recebe cartas com citações reais de Lênin
Para não frustrar o jogador acostumado com Mario, KP9000 inverteu também a função das vidas no jogo. Em “Communist Mario3”, o agora camarada Mario começa com zero vida e, cada vez que morre, um número é acrescentado ao contador. Ao se chegar em 99 mortes, o jogo acaba. O que significa, nas palavras do programador, que “você não é comunista muito bom”.
Desviar de moedas e usar itens com sabedoria são as maiores mudanças no gameplay de “Communist Mario 3”, mas o mais pitoresco do jogo são as pequenas interferências na narrativa. Nesta modificação, Mario não recebe mais cartinhas da princesa Peach, e sim do próprio Lênin (com direito a citações reais do revolucionário comunista). Os mundos não são mais governados por reis, mas por “chairmen” do partido que, via de regra, estão conspirando com os inimigos. E, ao entrar nas casas-cogumelo de Toad, para ganhar um item, Mario recebe a seguinte mensagem: “Os bens do estado são livres, mas o preço a ser pago é esperar na fila por nove horas”.
Personagens clássicos do jogo também têm funções um pouco diferentes do original, adaptadas ao novo ambiente. O Hammer Bro, por exemplo, que costumeiramente atira martelos contra Mario, agora arremessa notas e sacos de dinheiro contra o encanador bigodudo. A trilha sonora também foi convenientemente modificada. No segundo mundo, ao invés do tema tradicional, a música que toca é o clássico russo “Korobeiniki”, mais conhecida dos gamers como “música do Tetris”, jogo de origem russa que também se popularizou pela Nintendo.
No fórum em que disponibilizou o “Communist Mario 3”, KP9000 respondeu de forma totalitária aos jogadores que testaram o game e reclamaram de sua dificuldade. “Este jogo fede a comunismo, por isso não vai ser justo”, afirmou. “Eu projetei o jogo em torno disso – você vai ter muitos itens para usar. Se você não pode lidar com a dificuldade, então você provavelmente deve ir jogar um jogo mais fácil, como ‘Sesame Street ABC’”.
Matéria original: Gazeta do Povo
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