Ecossistema Empreendedor
O que acham que é:
Empreendedorismo na área da Biologia.
O que realmente é:
Ecossistema Empreendedor (ou de Inovação) é o ambiente, formado pelos mais diversos stakeholders do empreendedorismo, no qual há interconexão, extinção de hierarquia (equilíbrio) e dinamismo. Aqui, iniciativas de apoio ao empreendedorismo são tomadas, necessariamente, em rede.
O conceito não empresta o termo da Biologia à toa: parte-se do pressuposto de que, assim como acontece entre as espécies, no empreendedorismo também precisa-se do outro para sobreviver. O meio ambiente do Ecossistema Empreendedor é composto por empresas, governo, instituições de pesquisa e ensino, incubadoras, aceleradoras, associações de classe e prestadores de serviço e, claro, empreendedores.
De acordo com Rene José Rodrigues Fernandes, professor e gerente de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV-CENN), no Ecossistema Empreendedor a inovação e o empreendedorismo são vistos como um processo dinâmico, no qual o conhecimento é acumulado por meio do aprendizado e da interação entre os stakeholders. “Esta abordagem enfatiza a importância da transferência e da difusão de ideias, experiências e informações.”
Fernandes diz, ainda, que o Ecossistema Empreendedor — que pode também ser chamado simplesmente de “sistema” — difere dos conceitos de cluster, indústria ou segmento de mercado; o primeiro, é heterogêneo e abarca o todo; o segundo, trata de conjuntos de organizações com características semelhantes. Aqui também distinguem-se as formas de uso da hierarquia. “O Ecossistema de Inovação possui governança multinível por princípio, ou seja, os atores estatais, empresariais e outras instituições devem cooperar, competir e interagir com interdependência, sem hierarquização.”
Quem inventou:
Segundo Marcelo Nakagawa, diretor de empreendedorismo da FIAP, a importância de um sistema que incentive o meio empreendedor existe desde a origem do empreendedorismo moderno. “Isso, pela publicação de trabalhos do economista e cientista político austro-americano Joseph Schumpeter, especialmente o livro The Theory of Economic Development. Atualmente, a principal referência sobre Ecossistema Empreendedor é o professor Daniel Isenberg, da Babson College”, diz.
Fernandes cita o texto The Big Idea: How to Start an Entrepreneurial Revolution, no qual Isenberg faz nove recomendações para formuladores de políticas públicas e para outros atores sobre como criar um Ecossistema que favoreça a atividade empreendedora.
Quando foi inventado:
O livro de Joseph Shumpeter é de 1934. Nakagawa diz que, de lá para cá, diversos autores defenderam e propuseram ideias para a criação de sistemas de empreendedorismo. “A partir da década de 1970, alguns autores passaram utilizar o termo Ecossistema Empreendedor, que ganhou destaque durante a primeira bolha das empresas pontocom, no final da década de 1990.” O texto de Isenberg é de 2010.
Para que serve:
Para entender quem são os players, seu papéis, suas interações e os resultados na criação de novos negócios com maior potencial de sucesso. “A partir disso, é possível planejar melhores políticas públicas, interações entre os elos e, no final, melhores empreendedores e negócios”, diz Nakagawa.
Quem usa:
Principalmente formuladores de políticas públicas (países, estados, regiões, cidades e até bairros), interessados em desenvolvimento econômico, social e tecnológico. Cidades como Belo Horizonte (com o San Pedro Valley) e Santa Rita do Sapucaí, também em Minas, usam o termo para identificar e fortalecer as relações entre os stakeholders do empreendedorismo.
Nakagawa conta que, mais recentemente, empresas passaram a se interessar em incentivar ecossistemas empreendedores com determinado tipo de atuação. “E os próprios empreendedores passaram a valorizar a participação ativa, pois enxergaram oportunidades de crescimento e investimentos.”
Efeitos colaterais:
Mal uso do conceito pelo uso de uma visão macro do sistema. “A noção de Ecossistema não pode perder de vista os subsistemas contidos em si e as relações entre esses subsistemas, negligenciando recortes”, diz Fernandes. Nakagawa afirma que há possibilidade de surgimento de elos que formem iniciativas cartelizadas: “Isso traria efeitos negativos a curto prazo, mas a médio e longo prazo, a tendência é que os lados se equilibrem novamente”.
Quem é contra:
Nenhum dos dois entrevistados acredita haver quem seja contra.