“Criptoinverno”: como a crise das moedas digitais também é momento para comprá-las

Bitcoin e Ethereum surgem como principais ativos dessa ordem em meio à queda geral

A inflação global e as medidas para dar conta do fenômeno, como o aumento das taxas de juros nos países, tem feito com que muitos ativos financeiros sofram impactos abruptos nos últimos dias. As criptomoedas, surpreendentemente, não ficaram de fora disso: depois de um pico em novembro, elas caíram cerca de 42% nas últimas semanas – fazendo com que alguns especialistas já chamem o momento de “criptoinverno”.


De forma sucinta, a expressão diz respeito a um período prolongado de baixas nos valores das moedas digitais por fatores ligados ao mercado. Não é a primeira vez que isso acontece: o último “criptoinverno” viu o mercado de ativos digitais cair 88%, em meados de 2018. No entanto, eles não apenas se recuperaram como cresceram mais: a alta chegou a 1,700% até o ano passado.

É por isso que, mesmo no cenário ruim, criptomoedas como o Bitcoin e a Ethereum ainda aparecem como oportunidades de negócios. Alguns afirmam até que agora é exatamente o momento de comprá-las.

O Bitcoin, por exemplo, a primeira criptomoeda do mundo, tira forças da sua novidade: é a única moeda que não está presa a nenhum sistema monetário nacional e, do ponto de vista do mercado, conta com sua escassez: seu lastro é limitado a 21 milhões de unidades e, conforme a demanda continua a crescer, essa característica vai tornando-a cada vez mais valiosa. É isso que faz o Bitcoin também ser forte mesmo em períodos de forte inflação.

Enquanto o dólar perdeu valor nos últimos dez anos por exemplo, à medida que indexador de preços ao consumidor americano cresceu 30% na década
passada, o Bitcoin deflacionou cerca de 99% em relação à moeda americana, segundo análise da Bloomberg.

No atual “criptoinverno”, o Bitcoin caiu 6% em apenas um dia, na segunda-feira (9), perdendo todo o valor que havia ganhado na semana anterior, quando
tinha chegado à casa dos US$ 40 mil (R$ 206 mil) — a alta de 6%, aliás, havia sido a maior para um único dia desde meados de março.

Esse é o valor médio que o Bitcoin está sendo vendido desde o fim do ano passado, longe da sua marca histórica — que foi de US$ 68,9 mil (R$ 355 mil) em novembro de 2021.

Se o Bitcoin é a principal criptomoeda do mundo hoje e funciona como uma espécie de livro para todas as transações digitais que ocorrem no mundo, o blockchain da Ethereum pode executar, sozinho, softwares de redes de contratos inteligentes.

Desde seu início, em 2015, essa tecnologia avançou no sentido de se tornar um ecossistema descentralizado de serviços de aplicações e finanças.

A Ethereum transformou seu status de pioneira em contratos inteligentes em uma vantagem competitiva. Atualmente, ela o maior ecossistema de serviços de finanças por uma ampla margem, com cerca US$ 110 bilhões investidos.

Esse número representa 55% de todos os investimentos nesse tipo de tecnologia em qualquer blockchain. Várias rivais surgiram para desafiá-la, mas
nenhuma chegou perto até agora.

No ano que vem, quando o rendimento do Ethereum passar para a capacidade de 100 mil transações por segundo – quatro vezes mais do que a rede da Visa pode suportar, por exemplo –, a tendência é que ela ganhe novo fôlego.